Eu sempre digo que uma das maiores hipocrisias de todos nós no Brasil é dizer que não se tem racismo no Brasil, e que somos um país com chance para todos. Agora foi a vez da ONU mostrar que não saímos da casa grande e senzala (o que veementemente ignoramos)
O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Afrodescendentes esteve aqui entre os dias 3 e 13 de dezembro de 2013, a convite do governo brasileiro (que deve ter tido a arrogância de achar que resolveu esta mazela também e quis fazer bonito) e divulgou seu relatório dia 4 de setembro, durante a 27ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que vai de 8 a 26 deste mês.
E o que diz este documento?
Ele apresenta o quadro legal e de políticas relativas aos direitos humanos das pessoas de ascendência Africano no Brasil, ressaltando desenvolvimentos positivos e algumas falhas de implementação que precisam ser abordadas. O relatório descreve a situação, destaca as melhores práticas, os principais desafios identificados e faz recomendações concretas.
O documento afirma em seu desenvolvimento e conclusão que:
- O Brasil vive em um “mito de democracia racial”, o que dificulta para os negros discutir o tema;
- “o racismo permeia todas as áreas da vida no país”;
- há um “racismo institucionalizado” e uma “ideologia de embranquecimento” na sociedade brasileira, inclusive no ensino;
- o desemprego é 50% maior entre afrodescendentes e a média salarial dos brancos é o dobro do salário dos negros.
- a educação é uma das principais áreas de discriminação e uma das principais fontes de desigualdade
- mais da metade dos negros não tem saneamento básico adequado no país;
- como a sociedade ainda nega a existência de praticas racistas, estas questões acabam não chegando no judiciário e, quando chegam, dificilmente são penalizadas;
- a expectativa de vida entre os negros é de 66 anos, enquanto que a dos brancos é a de
- Em muitos casos, a maior parte das agressões e mortes de jovens afro-brasileiros são realizados pela polícia militar.
“O Grupo de Trabalho entende que a violência perpetrada contra os jovens afro-brasileiros não vem apenas de agentes do Estado, mas também de grupos criminosos organizados, muitos dos quais envolvem jovens afro-brasileiros em suas atividades. No entanto, o Estado tem a responsabilidade de respeitar o direito à vida de todos os cidadãos, para protegê-los da violência e tomar providências para o cumprimento do seu direito à vida. OS NÚMEROS DESPROPORCIONAIS DE AFRO-BRASILEIROS QUE VIVEM NAS ÁREAS MAIS POBRES, QUE SOFREM COM O CRIME E A VIOLÊNCIA SIGNIFICA QUE O DIREITO A UMA VIDA SEM VIOLÊNCIA NÃO ESTÁ SENDO CUMPRIDA PELO ESTADO PARA OS AFRO-BRASILEIROS.”
Como eu defendo sempre que cada um tem que ter suas opiniões sobre os fatos, e porque não achei em nenhum lugar no Brasil o relatório, rastreei no Sistema ONU e achei o arquivo do report, que pode ser baixado aqui ( A.HRC.27.68.Add.1_AUV) Leia, tire suas conclusões e divulgue.
Fontes: